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Por que as empresas pedem falência agora?

Adam Lienhard
Adam
Lienhard
Por que as empresas pedem falência agora?

Entre o fim de 2022 e o começo de 2023, vimos uma série de notícias sobre falências. As finanças tradicionais (por exemplo, o Banco Signature), ou as finanças decentralizadas (por exemplo, FTX) – estão atualmente sob grande pressão. Quais as razões para a atual tendência? Como isso pode afetar os EUA e os mercados globais? As respostas podem ser encontradas no caso do Banco do Vale do Silício.

Por que agora?

Geralmente, as razões pelas quais uma empresa pode pedir a falência são variadas, e podem se diversificar dependendo da indústria e de circunstâncias específicas. Diversos fatores podem levar a uma companhia a pedir falência ou declarar insolvência no clima atual. Esses fatores incluem:

O impacto da pandemia de COVID-19: Muitas empresas foram afetadas adversamente pela pandemia, pois a desaceleração econômica e os bloqueios frequentes causaram uma diminuição significativa em suas receitas e uma queda na demanda por seus produtos e serviços.

Concorrência acirrada: em alguns setores, como bancos e redes de mídia, a concorrência intensa pode resultar em lucros reduzidos e declínio na participação de mercado das empresas. Ambos podem impactar a capacidade de permanecer competitivo.

Aumento das despesas: as empresas podem enfrentar dificuldades na gestão de custos como salários de funcionários, aluguel, matérias-primas e serviços.

Má gestão: Gestão ineficaz ou má tomada de decisão pode levar a uma queda nos lucros e ao agravamento da situação financeira da empresa, o que pode acabar por levar à falência.

Avanços tecnológicos: As empresas podem lutar para se adaptar ao rápido progresso tecnológico, como a mudança para mídia digital e serviços bancários on-line, e algumas podem achar difícil acompanhar essas mudanças.

As empresas devem permanecer vigilantes a respeito de novos desafios, se adaptando rápida e eficazmente, melhorando sua administração e transformando suas operações para assegurar um sucesso de longo prazo.

Estudo de caso de falência: Banco do Vale do Silício

Você soube da falência recente do Banco do Vale do Silício?

O Banco do Vale do Silício é um banco estadunidense especializado que serve a administradores e start-ups de tecnologia, ciências da vida, energia, mídia e indústrias de entretenimento, entre outros. Em 2020, o banco anunciou perdas significativas que se acumularam ao longo de muitos anos, levando à declaração de insolvência.

Essas perdas foram o resultado de um aumento de investimento e de custos de expansão em anos recentes, combinado à falha de atingir lucros esperados. Ao mesmo tempo, o banco forneceu serviços bancários únicos e de alto valor agregado a um grande número de start-ups e empresários.

Apesar da boa reputação do Banco do Vale do Silício na indústria de tecnologia e startups, ele não conseguiu alcançar um sucesso sustentável e as perdas se acumularam significativamente.

Os ativos do banco foram eventualmente vendidos ao Banco Cross River, uma instituição financeira com histórico comprovado de atendimento a start-ups e empresas de tecnologia. O acordo, no valor de U$900 milhões, e aprovado pelos corpos regulatórios relevantes, permitiram ao Cross River adquirir os ativos do Banco do Vale do Silício.

Como parte do acordo, os clientes do Banco do Vale do Silício foram transferidos ao Banco Cross River, e continuaram a receber serviços bancários. Essa movimentação assegurou aos clientes a continuidade dos serviços bancários únicos do Banco do Vale do Silício, resolvendo os desafios financeiros do banco.

Pode a falência impactar a economia global?

A falência de um grande banco ou empresa pode ter efeitos econômicos, financeiros e sociais de longo alcance. A seguir estão alguns resultados potenciais da falência:

Desaceleração econômica: Falência pode levar a uma desaceleração no crescimento econômico global. O desempenho de empresas, mercados financeiros, investimentos e fluxos comerciais podem ser afetados.

Declínio do mercado financeiro: A falência pode causar um declínio nos mercados financeiros, resultando em uma diminuição no valor de ativos financeiros, ações, títulos e moedas. Isso pode afetar investidores, correntistas, companhias e instituições financeiras.

Queda na confiança econômica: A falência pode levar a uma diminuição na confiança econômica e incerteza sobre a economia, empresas e instituições financeiras. Isso pode afetar investimentos, políticas monetárias e políticas de comércio internacional.

Impacto em clientes e funcionários: Clientes e funcionários do banco falido podem ser significativamente afetados. Clientes podem perder dinheiro e recursos financeiros, enquanto a falência pode levar a perdas de emprego e cortes de salários dos empregados.

Intervenção governamental: Os governos podem intervir para apoiar o banco falido e evitar que ele vá à falência. Isso pode resultar em custos significativos ao orçamento do governo e à dívida pública.

Impacto no setor bancário global: A falência do banco pode afetar a confiança no setor bancário global em geral. Isso pode levar a padrões regulatórios e de supervisão mais rígidos para limitar os riscos de falência de bancos e proteger fundos e poupanças públicas.

Muitos destes efeitos começaram a pesar após a falência do Banco do Vale do Silício. Desse modo, o colapso do banco fez com que bancos menores dos EUA caíssem também (como o First Republic Bank, o US Bancorp, Western Alliance e o Zions Bancorp).

É preciso tomar medidas apropriadas para mitigar os efeitos negativos e manter a estabilidade financeira e econômica no caso de falência de um grande banco. Governos e autoridade regulatórias relevantes devem trabalhar de modo decisivo e efetivo para identificar riscos potenciais, lidando com eles. Eles também devem aprimorar os sistemas financeiro e bancário para proteger os cidadãos e a economia global.